sábado, 12 de outubro de 2013

Mães galinha

  Se há coisa que nunca vou perceber são as mães-galinha. E o que são mães-galinha?
  São aquelas mães que levam o filhinho de pópó a todo o lado.
  Aquelas mães que ligam todos os dias à mesma hora para saberem o que é que se comeu ao almoço.
  Aquelas mães que não sabem deixar os seus filhos estudarem sozinhos.
  Aquelas mães que parecem umas gralhas nas reuniões de pais.
  Aquelas mães a quem apetece dar um belo estalo. Essas mães.
  E essas mães tornaram-se uma praga, uns parasitas. Temo que as crianças saudáveis e independentes entrem em vias de extinção um dia destes… Convém ver que eu tenho um irmão deficiente com 18 anos, que tem mais autonomia que todos estes meninos da mamã juntos. E depois quem sofre sou eu, a ter de aturar bebés mais velhos que eu todos os dias…

O mundo dos livros em Portugal


   Por mero acaso, resolvi há uns dias fazer uma pesquisa no site da Bertrand, e o que descobri irritou-me.
   Sou desde muito pequena habituada a ler. O meu pai lia-me carinhosamente histórias à noite, e os presentes que me oferecem são quase sempre livros. Em minha casa, dizem que mais parecemos ter uma biblioteca! Assim, os livros para mim não são apenas livros. São parte de mim.
   Mas há um tipo em particular de livros a que sempre tive menos acesso: livros de coisas sobrenaturais. Estou habituada a esperar uma eternidade para os receber, porque os meus pais não apreciam muito esse tipo de leituras. E qual é o seu principal argumento? São caros! É verdade que sempre fui ensinada a ser pouco consumista (coisa que, infelizmente, os jovens da minha idade não costumam ser). Mas caramba, às vezes gosto de pensar em mim, e gastar quase 20€ num livro que vou ler em 2 ou 3 dias é frustrante! Ainda por cima, as colecções que mais adoro são enormes!
   Podem então imaginar a minha irritação quando descobri que essas mesmas versões em Inglês, vindas do estrangeiro, são a quase metade do preço! Com esta situação, fui relembrada duma triste realidade: os livros, cá em Portugal, são MUITO caros. Em Inglaterra, por exemplo, encontram-se muitos exemplares (sem ser em 2ª mão) a 2 ou 3€! Porquê?
   Podia arranjar aqui um bode expiatório, mas não vou fazê-lo. Uma das razões há-de ser sem dúvida o facto de os livros terem chegado a Portugal depois da televisão e numa altura em que ainda a maior parte da população era analfabeta. Essa mesma população é constituída pela maior parte dos pais e avós da actualidade. E estes progenitores claramente não influenciaram a sua descendência a ler. Gerou-se assim um ciclo vicioso. A maior parte das pessoas não compra livros por não gostar de ler. Os livros ficam caros. Consequentemente, mesmo que quem não goste à partida de ler se queira aventurar, chega à maravilhosa conclusão de que ler é um luxo e desiste da ideia.
   Mas não quer dizer que as editoras também não façam parte do problema. As suas escolhas daquilo em que vale a pena ou não apostar são sempre questionáveis, quer no marketing, quer nos preços, quer nas oportunidades que dão ou não aos escritores. O resultado é que a grande maioria dos livros publicados em Portugal são destruídos ao fim de 2 anos, devido ao IVA!
   Quem sai beneficiado nesta situação? Ninguém! Podemos então questionar-nos sobre se baixar o preço dos livros faria algum efeito na quantidade de livros lidos. Afinal de contas, o panorama é tão mau que as coisas só podem melhorar, certo? Para leitoras ávidas como eu, provavelmente. Pelo menos, poderia arranjá-los em qualquer altura! Mas o mais estúpido na situação toda é que, para a maior parte das pessoas, nem que lhes dessem livros livros á borla elas os liam!
   A cultura, em Portugal, não abunda. Basta vermos os programas da SIC e da TVI, os canais mais vistos, para percebermos o problema. E que alguém com a 4ª classe se satisfaça com pouco, é ignorância. Mas que um jovem de 18 anos se contente com pouco mais que isso, é estupidez!
   Talvez seja uma mentalização que se estabeleceu e vai demorar tempo a desaparecer. Ler é chato, aborrecido e cansa. Que importa a cultura? Qe importa escrever impecavelmente, saber palavras "difíceis" e conseguir interpretar um texto? O computador,a televisão e o telemóvel são tão mais interessantes! E depois queixem-se dos maus resultados nos Exames de Português! E queixem-se dos alunos chegarem cada vez menos preparados às Universidades! Se não fosse pelo Plano Nacional de Leitura, a maior parte dos jovens nunca teria lido nem metade de um livro na vida!
   Conclusão? Não há solução breve para o problema (sobretudo quando a maior parte das pessoas nem o vê). Na parte que me toca, vou mandar o mundo a um certo sítio e comprar livros em inglês. Pelo menos, treino outra língua.